Tive a (in)felicidade de escolher, no ano de 98, ingressar no curso de Física da UFRGS. Na época eu era Nerd e não entendia nada da vida, afinal eu era um adolescente, achei que estava fazendo a coisa certa.
Dizem que é melhor que a gente se arrependa por algo que fez do que por algo que a gente não fez. Durante o meu curso, optei pelo Bacharelado (um dos cursos mais dífíceis da UFRGS inteira), acreditando que este seria o meu futuro.
Não posso reclamar: tive contato com excelentes professores e ótimos amigos. Conheci o Linux, o Fortran, o Matlab, o Método de Monte Carlo, as Equações Diferenciais e o Cálculo Numérico (sem falar na Mecânica Estatística, no Claudio Schneider,...) e conheci a reprovação, os conceitos 'C' e um primeiro A (em Algoritmos e Programação - onde aprendi Pascal e praticava em um potente 286 com 1 mega de ram).
Graças ao professor Daniel Stariolo tive 3 anos de bolsas de iniciação científica com programação em C. Por intermédio do destino, o Daniel esqueceu de renovar a minha bolsa e precisei procurar emprego para sobreviver.
Este foi o impulso que eu precisava: consegui um emprego na área de testes. Com pouca experiência mas muita nerdisse, comecei na CWI a procurar defeitos nos programas dos outros.
As vezes precisamos acordar: estar dentro de um curso de graduação, principalmente no curso errado, limita um pouco a nossa visão do mundo. A nossa vontade de encontrar um grupo social nos faz crer que estamos fazer o que é certo e que estamos felizes (ou não estamos triste demais).
Coisas que eu gostaria de ter escutado antes:
- Leia muitos e diferentes livros
- Aprenda Inglês (ao ponto de falar bem ao telefone)
- Se tiver a chance: Aprenda a Dirigir. Dane-se que vc não tem carro
- Trate o seu currículo e a sua carreira com respeito
- Aprenda Java, Python, Ruby, Shell, AWK, HTML, C++, LISP, SQL...
- Aprenda BEM e pratique muito.
- Tenha Amizades positivas (do tipo que vão trabalhar com o que vc quer, que pensam parecido com vc, que te ajudem e sejam ajudados por ti).
E o principal,
- Faculdade é parte da nossa carreira. Se vc não estuda diariamente, se vc não se atualiza, se vc não se esforça, vc está perdendo tempo. Mude alguma coisa e não tenha medo de ousar: melhor do que estar a 9 anos no mesmo curso e ficar apatico com perguntas do tipo "não vai te formar?".
Sim, jovens que estão prestando vestibular ou que estão pensando no que fazer ainda, o mundo é cruel e complexo. A melhor maneira de se adaptar ao mundo chamado "Brasil País de Terceiro Mundo" é tenho conhecimento amplo, variado e capaz de gerar mais conhecimento - evitando conhecimentos do tipo 'paranóicos' e 'fanatistas'.
Quando eu nasci o Brasil era uma ditadura. Meu avô era membro do PC-do-B, já podem imaginar. Eu lembro que ele escutava a Radio de Moscou (na programação de 2 horas em português) todo o dia e acreditava em tudo. Um dia o muro de Berlin caiu... e o mundo pode ver a quantidade de casas sem agua potável ou esgoto na antiga URSS, por exemplo. Tivemos o Collor, o FHC e, agora, o Lula. O Mundo muda, o Brasil mudou. Quem se dedicar a uma vida mais limitada sofrerá com as mudanças futuras e necessárias para que possamos alcançar um bom padrão de vida - ou vai sofrer ao se adaptar a um país melhor lá fora.
Pensem. Leiam. Tenham bons amigos e tenham boas conversas. Se informem diariamente e não fiquem mantendo as mesmas ideias por muito tempo: é necessário fluidez.
E fluidez não se ensina, se aprende aos poucos.
Quem estiver em dúvida sobre o que fazer, seja na vida acadêmica, na carreira profissional ou na vida amorosa, opte por procurar diferentes fontes de informação, dê atenção as fontes de melhor qualidade, raciocine e faça uma escolha - tendo a responsabilidade de arcar com o escolhido.
E se preparem para errar. Só acerta muito quem erra bastante.
Pronto, acabou a sessão "auto-ajuda" de hoje. Não vou prometer que dinheiro é encontrado no Vaso Sanitário ou que o Brócolis torna a Vida mais Feliz. Aliás a felicidade é algo passageiro e momentâneo, o resto das nossas vidas é desprovido de felicidade. É interessante pensar nisso pois precisamos encarar a verdade: o mundo é chato, é feio, é fedido, é cheio de gente que não presta e ainda podemos levar uma bala perdida devido a um debil mental que usa revolver para comemorar o fim de ano. Teremos pouquissimos momentos realmente felizes na nossa vida e são esses momentos que valem a pena.
Um abraço e espero que faça sentido para alguem :)
Feliz 2008!
Ps: é normal rodar em Cálculo I a primeira vez que se faz. Acredite.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Coisas que eu gostaria de ter escutado antes.
By Tiago "PacMan" Peczenyj às 16:51
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7 comentários:
Ótimo texto, ultimamente tenho visto como isso de ler muitos livros é importante.
Dois livros que estou lendo:
Getting Real(37signals) e
A estrada do futuro(Bill Gates, 1995)
Os 2 falam(dentre outras coisa)justamente da capacidade que a pessoa e/ou empresa deve ter para mudar rapidamente as opiniões/idéias/produtos.
Finalmente eu vejo que você percebeu muita coisa que eu já te falava há tempos. :)
Agora é a minha vez. Beijo, te amo.
Eu já tinha te dito, mais de uma vez, para tirar a carteira de motorista e o vô era filiado ao PSB.
Nunca é tarde para recomeçar, isso eu tb já tinha te dito...
Gostei do texto e ele é cheio de verdades, só espero que vc o siga.
BJ
Camila
Aliás a felicidade é algo passageiro e momentâneo, o resto das nossas vidas é desprovido de felicidade. É interessante pensar nisso pois precisamos encarar a verdade: o mundo é chato, é feio, é fedido, é cheio de gente que não presta e ainda podemos levar uma bala perdida devido a um debil mental que usa revolver para comemorar o fim de ano. Teremos pouquissimos momentos realmente felizes na nossa vida e são esses momentos que valem a pena.
Rapaz, até que enfim encontrei alguém que pensa assim como eu - e tem coragem de dizer abertamente sem ser tachado de "pessimista" ou "prá baixo", etc.
Ps: é normal rodar em Cálculo I a primeira vez que se faz. Acredite.
Que ótimo, me sinto normal agora. Estava achando que era falta de inteligência minha. :-)
Hah, eu passei de primeira em cálculo 1, e isso é estranho. Mas em cálculo 2 eu penei, levei 4 semestres para aprender a visualizar certas equações em espaços de 3 dimensões. E cálculo 2 é quase só isso.
Eu também mudei, apesar de não ter saído da Física: era físico nuclear experimental, conheci a computação e fui para a física computacional. Hoje trabalho em projetos interdisciplinares com engenheiros, médicos e até computeiros.
O seu post é uma experiência pessoal, daí eu não posso dizer o que é certo ou errado, apenas dizer o que concordo ou não. Nossos casos são semelhantes, de certa forma, e eu acho que se não fôssemos físicos não conseguiríamos transitar de uma área para a outra, com tanta facilidade. É fácil ver físicos trabalhando em computação, economia e finanças, etc. (eu mesmo já orientei alguns alunos que hoje estão nestas áreas). Daí eu não concordo que você tenha escolhido "o curso errado", pelo contrário, você escolheu o curso que permite mudar de idéia, área, etc. e perder menos com isso e, talvez, até ser um diferencial em relação aos formandos tradicionais.
[]s
Thadeus, o seu comentário só enriquece o que tentei passar: em dados momentos vamos sentir que fizemos escolhas erradas. É momentâneo, afinal até as piores escolhas nos moldam no que somos hoje.
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